“No Brasil, a escravidão é uma fusão de raças; nos Estados Unidos, é a guerra entre elas”

Foto: Porto Alegre (Bernardo Rebello)

Texto: Bernardo Rebello

A escravidão no Brasil e nos Estados Unidos foi, junto com o cultivo latifundiário extensivo e a sociedade estamental, um dos principais pilares de sustentação dos interesses das metrópoles europeias em suas colônias americanas. Embora essas semelhanças tenham ocorrido nesses modelos de exploração mercantil, duas particularidades nesse contexto histórico revelam os motivos da miscigenação racial em um dos países e o histórico conflito entre negros e brancos no outro.

Em primeiro lugar, é preciso ressaltar a dimensão da colonização de povoamento que ocorreu nos Estados Unidos. No caso do Brasil, a colonização foi de exploração, com reduzido número de emigrantes europeus. A outra particularidade é a respeito dos colonizadores. No caso dos Estados Unidos, que contaram com a emigração em grande quantidade de comunidades relativamente organizadas, semelhanças e diferenças foram acentuadas, de modo que os interesses comuns foram fortalecidos e os mais fracos excluídos. No caso brasileiro, na época sob o domínio de uma monarquia menos poderosa, a mistura racial foi a solução para ocupar o território e sobreviver na América.