As raízes da Revolução Brasileira

publicTexto e imagem: Bernardo Rebello

 

No excerto “Nossa revolução”, retirado de Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda, há uma interpretação da realidade de transformações sociopolíticas brasileira nas décadas posteriores à Proclamação da República. No texto, o autor afirma que havia, no Brasil, uma diferença substancial entre o elevado nível de cobrança do Estado, inspirado ainda pelo período do Império e pelas práticas mais respeitadas no mundo, e a capacidade de os cidadãos do país praticar, compreender e obedecerem esse elevado padrão de conduta importado de outras nações.

Historicamente, segundo o autor, o Estado brasileiro procurava formar a opinião de que era um “gigante cheio de bonomia superior” em relação a todas as nações. Esse comportamento, também reproduzido em âmbito interno, favoreceu a formação do país, no que concernia a suas características pacíficas, solícitas, garbosas e não intervencionistas. No entanto isso gerou ilusões e enganou o povo brasileiro, incapaz de interpretar, de maneira razoável, os fatos políticos. Encantados e paralisados por tudo aquilo que não compreendiam, os cidadãos eram manipulados por um Estado com características altaneiras que, além disso, negava as manifestações genuinamente brasileiras.

A vitória do processo revolucionário brasileiro, iniciado com a Proclamação da República, segundo o autor, seria concluída apenas após o fim das práticas personalistas e aristocráticas brasileiras, típicas da velha ordem colonial e patriarcal do Império. Nem a aplicação de leis ou de regulamentos de virtude provada nem a substituição dos detentores do poder público, ambas saídas encontradas pelos reformadores brasileiros, poderiam solucionar os problemas advindos desse arcaísmo na sociedade brasileira da época.